Provérbios (SAV) 15
15 1 Uma resposta branda aplaca o furor, uma palavra dura excita a cólera.
2 A língua dos sábios ornamenta a ciência, a boca dos imbecis transborda loucura.
3 Em todo o lugar estão os olhos do Senhor, observando os maus e os bons.
4 A língua sã é uma árvore de vida; a língua perversa corta o coração.
5 O néscio desdenha a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão torna-se sábio.
6 Na casa do justo há riqueza abundante, mas perturbação nos frutos dos maus.
7 Os lábios do sábio destilam saber, e não assim é o coração dos insensatos.
8 Os sacrifícios dos pérfidos são abominação para o Senhor, a oração dos homens retos lhe é agradável.
9 O Senhor abomina o caminho do mau, mas ama o que se prende à justiça.
10 Severa é a correção para o que se afasta do caminho, e o que aborrece a repreensão perecerá.
11 A habitação dos mortos e o abismo estão abertos diante do Senhor; quanto mais os corações dos filhos dos homens!
12 O zombador não gosta de quem o repreende, nem vai em busca dos sábios.
13 O coração contente alegra o semblante, o coração triste deprime o espírito.
14 O coração do inteligente procura a ciência; a boca dos tolos sacia-se de loucuras.
15 Para o aflito todos os dias são maus; para um coração contente, são um perpétuo festim.
16 Vale mais o pouco com o temor do Senhor que um grande tesouro com a inquietação.
17 Mais vale um prato de legume com amizade que um boi cevado com ódio.
18 O homem iracundo excita questões, mas o paciente apazigua as disputas.
19 O caminho do preguiçoso é como uma sebe de espinhos, o caminho dos corretos é sem tropeço.
20 O filho sábio alegra seu pai; o insensato despreza sua mãe.
21 A loucura diverte o insensato, mas o homem inteligente segue o caminho reto.
22 Os projetos malogram por falta de deliberação; conseguem bom êxito com muitos conselheiros.
23 Saber dar uma resposta é fonte de alegria; como é agradável uma palavra oportuna!
24 O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos.
25 O Senhor destrói a casa dos soberbos, mas firma os limites da viúva.
26 Os projetos dos pérfidos são abomináveis ao Senhor, mas as palavras benevolentes são puras.
27 O homem cobiçoso perturba a sua casa, aquele que odeia os subornos viverá.
28 O coração do justo estuda a sua resposta; a boca dos maus, porém, vomita o mal.
29 O Senhor está longe dos maus, mas atende à oração dos justos.
30 O brilho dos olhos alegra o coração; uma boa notícia fortifica os ossos.
31 Quem der atenção às repreensões salutares habitará entre os sábios.
32 O que rejeita a correção faz pouco caso de sua vida; quem ouve a repreensão adquire sabedoria.
33 O temor do Senhor é uma escola de sabedoria. A humildade precede a glória.
16 1 Cabe ao homem formular projetos em seu coração, mas do Senhor vem a resposta da língua.
2 Todos os caminhos parecem puros ao homem, mas o Senhor é quem pesa os corações.
3 Confia teus negócios ao Senhor e teus planos terão bom êxito.
4 Tudo fez o Senhor para seu fim, até o ímpio para o dia da desgraça.
5 Todo coração altivo é abominação ao Senhor: certamente não ficará impune.
6 É pela bondade e pela verdade que se expia a iniqüidade; pelo temor do Senhor evita-se o mal.
7 Quando agradam ao Senhor os caminhos de um homem, reconcilia com ele seus próprios inimigos.
8 Mais vale o pouco com justiça do que grandes lucros com iniqüidade.
9 O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige seus passos.
10 As palavras do rei são como oráculos: quando ele julga, sua boca não erra.
11 Balança e peso justos são do Senhor, e são obra sua todos os pesos da bolsa.
12 Fazer o mal, para um rei, é coisa abominável, porque pela justiça firma-se o trono.
13 Os lábios justos são agradáveis ao rei; ele ama o que fala com retidão.
14 A indignação do rei é prenúncio de morte, só o sábio sabe aplacá-la.
15 Na serenidade do semblante do rei está a vida: sua clemência é como uma chuva de primavera.
16 Adquirir a sabedoria vale mais que o ouro; antes adquirir a inteligência que a prata.
17 O caminho dos corretos consiste em evitar o mal; o que vigia seu procedimento conserva sua vida.
18 A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda.
19 Mais vale ser modesto com os humildes que repartir o despojo com os soberbos.
20 Quem ouve a palavra com atenção encontra a felicidade; ditoso quem confia no Senhor.
21 Inteligente é o que possui o coração sábio; a doçura da linguagem aumenta o saber.
22 A inteligência é fonte de vida para quem a possui; o castigo dos insensatos é a loucura.
23 O coração do sábio torna sua boca instruída, e acrescenta-lhes aos lábios o saber.
24 As palavras agradáveis são como um favo de mel; doçura para a alma e saúde para os ossos.
25 Há caminhos que parecem retos ao homem e, contudo, o seu termo é a morte.
26 A fome do trabalhador trabalha por ele, porque sua boca o constrange a isso.
27 O perverso cava o mal, há em seus lábios como que fogo devorador.
28 O perverso excita questões, o detrator separa os amigos.
29 O violento seduz seu próximo e o arrasta pelo mau caminho.
30 Quem fecha os olhos e planeja intriga, ao morder os lábios, já praticou o mal.
31 Os cabelos brancos são uma coroa de glória a quem se encontra no caminho da justiça.
32 Mais vale a paciência que o heroísmo, mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma cidade.
33 As sortes lançam-se nas dobras do manto, mas do Senhor depende toda a decisão.
17 1 Mais vale um bocado de pão seco, com a paz, do que uma casa cheia de carnes, com a discórdia.
2 Um escravo prudente vale mais que um filho desonroso, e partilhará da herança entre os irmãos.
3 Um crisol para a prata, um forno para o ouro; é o Senhor, porém, quem prova os corações.
4 O mau dá ouvidos aos lábios iníquos; o mentiroso presta atenção à língua perniciosa.
5 Aquele que zomba do pobre insulta seu criador; quem se ri de um infeliz não ficará impune.
6 Os filhos dos filhos são a coroa dos velhos, e a glória dos filhos são os pais.
7 Uma linguagem elevada não convém ao néscio, quanto mais, a um nobre, palavras mentirosas.
8 Um presente parece uma gema preciosa a seu possuidor; para qualquer lado que ele se volte, logra êxito.
9 Aquele que dissimula faltas promove amizade; quem as divulga, divide amigos.
10 Uma repreensão causa mais efeito num homem prudente do que cem golpes num tolo.
11 O perverso só busca a rebeldia, mas será enviado contra ele um mensageiro cruel.
12 Antes encontrar uma ursa privada de seus filhotes do que um tolo em crise de loucura.
13 A desgraça não deixará a casa daquele que retribui o mal pelo bem.
14 Começar uma questão é como soltar as águas; desiste, antes que se exaspere a disputa.
15 Quem declara justo o ímpio e perverso o justo, ambos desagradam ao Senhor.
16 Para que serve o dinheiro na mão do insensato? Para comprar a sabedoria? Ele não tem critério.
17 O amigo ama em todo o tempo: na desgraça, ele se torna um irmão.
18 É destituído de senso o que aceita compromissos e que fica fiador para seu próximo.
19 O que ama as disputas ama o pecado; quem ergue sua porta busca a ruína.
20 O homem de coração falso não encontra a felicidade; o de língua tortuosa cai na desgraça.
21 Quem gera um tolo terá desventura; nem alegria terá o pai de um imbecil.
22 Coração alegre, bom remédio; um espírito abatido seca os ossos.
23 O ímpio aceita um presente ocultamente para desviar a língua da justiça.
24 Ante o homem prudente está a sabedoria; os olhos do insensato vagueiam até o fim do mundo.
25 Um filho néscio é o pesar de seu pai e a amargura de quem o deu à luz.
26 Não convém chamar a atenção do justo e ferir os homens honestos por causa de sua retidão.
27 O que mede suas palavras possui a ciência; quem é calmo de espírito é um homem inteligente.
28 Mesmo o insensato passa por sábio, quando se cala; por prudente, quando fecha sua boca.
18 1 Quem se isola procura sua própria vontade e se irrita contra tudo o que é razoável.
2 O insensato não tem propensão para a inteligência, mas para a expansão dos próprios sentimentos.
3 O desprezo ombreia com a iniqüidade; o opróbrio com a vergonha.
4 As palavras da boca de um homem são águas profundas; a fonte da sabedoria é uma torrente transbordante.
5 Não fica bem favorecer um perverso para prejudicar o direito do justo.
6 Os lábios do insensato promovem contendas: sua boca atrai açoites.
7 A boca do tolo é a sua ruína; seus lábios são uma armadilha para a sua própria vida.
8 As palavras do delator são como gulodices: penetram até as entranhas.
9 O frouxo no trabalho é um irmão do dissipador.
10 O nome do Senhor é uma torre: para lá corre o justo a fim de procurar segurança.
11 A fortuna do rico é sua cidade forte; em seu pensar, ela é como uma muralha elevada.
12 Antes da ruína, o coração do homem se eleva, mas a humildade precede a glória.
13 Quem responde antes de ouvir, passa por tolo e se cobre de confusão.
14 O espírito do homem suporta a doença, mas quem erguerá um espírito abatido?
15 O coração inteligente adquire o saber; o ouvido dos sábios procura a ciência.
16 O presente de um homem lhe abre tudo, e lhe dá acesso junto aos grandes.
17 Quem advoga sua causa, por primeiro, parece ter razão; sobrevém a parte adversa, que examina a fundo.
18 A sorte apazigua as contendas e decide entre os poderosos.
19 Um irmão ofendido é pior que uma cidade forte; as questões entre irmãos são como os ferrolhos de uma cidadela.
20 É do fruto de sua boca que um homem se nutre; com o produto de seus lábios ele se farta.
21 Morte e vida estão à mercê da língua: os que a amam comerão dos seus frutos.
22 Aquele que acha uma mulher, acha a felicidade: é um dom recebido do Senhor.
23 O pobre fala suplicando; a resposta do rico é ríspida.
24 O homem cercado de muitos amigos tem neles sua desgraça, mas existe um amigo mais unido que um irmão.
19 1 Mais vale um pobre que caminha na integridade que um insensato com lábios mentirosos.
2 Sem a ciência, nem mesmo o zelo é bom: quem precipita seus passos, desvia-se.
3 A loucura de um homem o leva a um mau caminho; é contra o Senhor que seu coração se irrita.
4 A riqueza aumenta o número de amigos, o pobre é abandonado pelo seu companheiro.
5 O falso testemunho não fica sem castigo; o que profere mentira não escapará.
6 O homem generoso possui muitos lisonjeiros: todos se tornam amigos de quem dá.
7 Todos os irmãos do pobre o odeiam, quanto mais seus amigos não hão de se afastar dele? Está em busca de palavras, mas não terá nada.
8 Quem adquire bom senso ama sua alma; o que observa a prudência encontra a felicidade.
9 O falso testemunho não fica impune; o que profere mentira perecerá.
10 Não convém ao insensato viver entre delícias, muito menos ainda a um escravo dominar os chefes.
11 Um homem sábio sabe conter a sua cólera, e tem por honra passar por cima de uma ofensa.
12 Cólera de rei, rugido de leão; favor de rei, orvalho sobre a erva.
13 Um filho insensato é a desgraça de seu pai; a mulher intrigante é uma goteira inesgotável.
14 Casas e bens são a herança dos pais, mas uma mulher sensata é um dom do Senhor.
15 A preguiça cai no torpor: a alma indolente terá fome.
16 O que observa o preceito guarda sua vida; quem descuida de seu proceder morrerá.
17 Quem se apieda do pobre empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício.
18 Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não te enfureças até fazê-lo perecer.
19 O homem iracundo sofrerá um castigo; se o libertares, aumentarás a sua pena.
20 Ouve os conselhos, aceita a instrução: tu serás sábio para o futuro.
21 Há muitos planos no coração do homem, mas é a vontade do Senhor que se realiza.
22 O encanto de um homem é a sua caridade: mais vale o pobre que o mentiroso.
23 O temor do Senhor conduz à vida; (o que o possui) é saciado: passará a noite sem a visita da desgraça.
24 O preguiçoso põe sua mão no prato e nem sequer a leva à boca.
25 Castiga o zombador e o simples tornar-se-á sábio; repreende o homem sensato e ele compreenderá por quê.
26 Quem maltrata seu pai, quem expulsa sua mãe é um filho infame do qual todos se envergonham.
27 Cessa, meu filho, de ouvir as advertências e isto servirá para te afastares da sabedoria!
28 O testemunho falso zomba da justiça, a boca dos ímpios devora a iniqüidade.
29 As varas estão preparadas para os mofadores e os golpes para o dorso dos insensatos.
20 1 Zombeteiro é o vinho e amotinadora a cerveja: quem quer que se apegue a isto não será sábio.
2 O furor do rei é como um rugido de leão: aquele que o provoca, prejudica-se a si mesmo.
3 É uma glória para o homem abster-se de contendas; o tolo, porém, é o único que as procura.
4 Desde o outono o preguiçoso não trabalha: mendigará no tempo da colheita, mas não terá nada.
5 Água profunda é o conselho no íntimo do homem; o homem inteligente sabe haurir dela.
6 Muitos homens apregoam a sua bondade, mas quem achará um homem verdadeiramente fiel?
7 O justo caminha na integridade; ditosos os filhos que o seguirem!
8 O rei, que está sentado no trono da justiça, só com seu olhar dissipa todo o mal.
9 Quem pode dizer: Meu coração está puro, estou limpo de pecado?
10 Ter dois pesos e duas medidas é objeto de abominação para o Senhor.
11 O menino manifesta logo por seus atos se seu proceder será puro e reto.
12 O ouvido que ouve, o olho que vê, ambas estas coisas fez o Senhor.
13 Não sejas amigo do sono, para que não te tornes pobre: abre os olhos e terás pão à vontade.
14 Mau, mau! diz o comprador. Mas se gloria ao se retirar.
15 Há ouro, há pérola em abundância; jóia rara é a boca sábia.
16 Toma-lhe a roupa, porque ele respondeu por outrem; exige dele um penhor em proveito dos estranhos.
17 Saboroso é para o homem o pão defraudado, mas depois terá a boca cheia de cascalhos.
18 Os projetos triunfam pelo conselho; é com prudência que deve ser dirigida a guerra.
19 O mexiriqueiro trai os segredos: não te familiarizes com um falador.
20 Quem amaldiçoa seu pai ou sua mãe (verá) apagar-se sua luz no meio de densas trevas.
21 Herança muito depressa adquirida no princípio não será abençoada no fim.
22 Não digas: Eu me vingarei! Coloca tua esperança no Senhor, ele te salvará.
23 Ter dois pesos é abominação para o Senhor; uma balança falsa não é coisa boa.
24 O Senhor é quem dirige os passos do homem: como poderá o homem compreender seu caminho?
25 É um laço dizer inconsideradamente: Consagrado! e não refletir antes de ter emitido um voto.
26 O rei sábio joeira os ímpios, faz passar sobre eles a roda.
27 O espírito do homem é uma lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das entranhas.
28 Bondade e fidelidade montam guarda ao rei; pela justiça firma-se seu trono.
29 A força é o ornato dos jovens; o ornamento dos anciãos são os cabelos brancos.
30 A ferida sangrenta cura o mal; também os golpes, no mais íntimo do corpo.
21 1 O coração do rei é uma água fluente nas mãos do Senhor: ele o inclina para qualquer parte que quiser.
2 Os caminhos do homem parecem retos aos seus olhos, mas cabe ao Senhor pesar os corações.
3 A prática da justiça e da eqüidade vale aos olhos do Senhor mais que os sacrifícios.
4 Olhares altivos ensoberbecem o coração; o luzeiro dos ímpios é o pecado.
5 Os planos do homem ativo produzem abundância; a precipitação só traz penúria.
6 Tesouros adquiridos pela mentira: vaidade passageira para os que procuram a morte.
7 A violência dos ímpios os conduz à , porque se recusam a praticar a justiça.
8 O caminhos do perverso é tortuoso, mas o inocente age com retidão.
9 Melhor é habitar num canto do terraço do que conviver com uma mulher impertinente.
10 A alma do ímpio deseja o mal; nem mesmo seu amigo encontrará graça a seus olhos.
11 Quando se pune o zombador, o simples torna-se sábio; quando se adverte o sábio, ele adquire a ciência.
12 O justo observa a cada do ímpio e precipita os maus na desventura.
13 Quem se faz de surdo aos gritos do pobre não será ouvido, quando ele mesmo clamar.
14 Um presente dado sob o manto extingue a cólera; uma oferta concebida às ocultas acalma um furor violento.
15 Para o justo é uma alegria a prática da justiça, mas é um terror para aqueles que praticam a iniqüidade.
16 O homem que se desvia do caminho da prudência repousará na companhia das trevas.
17 O que ama os banquetes será um homem indigente; o que ama o vinho e o óleo não se enriquecerá.
18 O ímpio serve de resgate para o justo e o pérfido para os homens retos.
19 Melhor é habitar no deserto do que com uma mulher impertinente e intrigante.
20 Na casa do sábio há preciosas reservas e óleo; um homem imprudente, porém, os absorverá.
21 Quem segue a justiça e a misericórdia, achará vida, justiça e glória.
22 O sábio toma de assalto a cidade dos heróis: destrói a fortaleza em que depositava confiança.
23 Quem vigia sua boca e sua língua preserva sua vida da angústia.
24 Chamamos de zombador um soberbo arrogante, que age com orgulho desmedido.
25 Os desejos do preguiçoso o matam porque suas mãos recusam o trabalho;
26 passam todo o dia a desejar com ardor, mas quem é justo dá largamente.
27 O sacrifício dos ímpios é abominável, mormente quando o oferecem com má intenção.
28 A testemunha mentirosa perecerá, mas o homem que escuta sempre poderá falar.
29 O ímpio aparenta um ar firme; o homem correto consolida seu proceder.
30 Nem a sabedoria, nem prudência, nem conselho podem prevalescer contra o Senhor.
31 Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas é do senhor que depende a vitória.
22 1 Bom renome vale mais que grandes riquezas; a boa reputação vale mais que a prata e o ouro.
2 Rico e pobre se encontram: foi o Senhor que criou a ambos.
3 O homem prudente percebe a aproximação do mal e se abriga, mas os imprudentes passam adiante e recebem o dano.
4 O prêmio da humildade é o temor do Senhor, a riqueza, a honra e a vida.
5 Espinhos e laços há no caminho do perverso; quem guarda sua vida retira-se para longe deles.
6 Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar.
7 O rico domina os pobres: o que toma emprestado torna-se escravo daquele que lhe emprestou.
8 Aquele que semeia o mal, recolhe o tormento: a vara de sua ira o ferirá.
9 O homem benevolente será abençoado porque tira do seu pão para o pobre.
10 Expulsa o mofador e cessará a discórdia: ultrajes e litígios cessarão.
11 Quem ama a pureza do coração, pela graça dos seus lábios, é amigo do rei.
12 Os olhos do Senhor protegem a sabedoria, mas arruínam as palavras do pérfido.
13 Há um leão do lado de fora!, diz o preguiçoso, eu poderei ser morto na rua!
14 A boca das meretrizes é uma cova profunda; nela cairá aquele contra o qual o Senhor se irar.
15 A loucura apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afastá-la-á dela.
16 Quem oprime o pobre, enriquece-o. Quem dá ao rico, empobrece-o.
17 Presta atenção às minhas palavras, aplica teu coração à minha doutrina,
18 porque é agradável que as guardes dentro de teu coração e que elas permaneçam, todas, presentes em teus lábios.
19 É para que o Senhor seja tua confiança, que quero instruir-te hoje.
20 Desde muito tempo eu te escrevi conselhos e instruções,
21 para te ensinar a verdade das coisas certas, para que respondas certo àquele que te indaga.
22 Não despojes o pobre, porque é pobre, não oprimas o fraco à porta da cidade,
23 porque o Senhor pleiteará sua causa e tirará a vida aos que os despojaram.
24 Não faças amizade com um homem colérico, não andes com o violento,
25 há o perigo de que aprendas os seus costumes e prepares um laço fatal.
26 Não sejas daqueles que se obrigam, apertando a mão, e se fazem fiadores de dívidas;
27 se não tens com que pagar, arrebatar-te-ão teu leito debaixo de ti.
28 Não passes além dos marcos antigos que puseram teus pais.
29 Viste um homem hábil em sua obra? Ele entrará ao serviço dos reis, e não ficará entre gente obscura.
23 1 Quando te assentares à mesa com um grande, considera com atenção quem está diante de ti:
2 põe uma faca na tua garganta, se tu sentes muito apetite;
3 não cobices seus manjares que são alimentos enganosos.
4 Não te afadigues para te enriqueceres, evita aplicar a isso teu espírito.
5 Mal fixas os olhos nos bens, e nada mais há, porque a riqueza tem asas como a águia que voa para o céu.
6 Não comas com homem invejoso, não cobices seus manjares,
7 porque ele se mostra tal qual se calculou em si mesmo. Ele te diz: Come e bebe, mas seu coração não está contigo.
8 Comido o bocado, tu o vomitarás e desperdiçarás tuas amabilidades.
9 Não fales aos ouvidos do insensato porque ele desprezaria a sabedoria de tuas palavras.
10 Não toques no marco antigo, não penetres na terra dos órfãos
11 porque seu vingador é poderoso e defenderá sua causa contra ti.
12 Aplica teu coração à instrução e teus ouvidos às palavras da ciência.
13 Não poupes ao menino a correção: se tu o castigares com a vara, ele não morrerá,
14 castigando-o com a vara, salvarás sua vida da morada dos mortos.
15 Meu filho, se o teu espírito for sábio, meu coração alegrar-se-á contigo!
16 Meus rins estremecerão de alegria, quando teus lábios proferirem palavras retas.
17 Que teu coração não inveje os pecadores, mas permaneça sempre no temor do Senhor
18 porque haverá certamente um futuro e tua esperança não será frustrada.
19 Ouve, meu filho: sê sabio, dirige teu coração pelo caminho reto,
20 não te ajuntes com os bebedores de vinho, com aqueles que devoram carnes,
21 pois o ébrio e o glutão se empobrecem e a sonolência veste-se com andrajos.
22 Dá ouvidos a teu pai, àquele que te gerou e não desprezes tua mãe quando envelhecer.
23 Adquire a verdade e não a vendas, adquire sabedoria, instruções e inteligência.
24 O pai do justo exultará de alegria; aquele que gerou um sábio alegrar-se-á nele.
25 Que teu pai se alegre por tua causa, que viva na alegria aquela que te deu à luz!
26 Meu filho, dá-me teu coração. Que teus olhos observem meus caminhos,
27 pois a meretriz é uma fossa profunda e a entranha, um poço estreito:
28 como um salteador ele fica de emboscada e, entre os homens, multiplica os infiéis.
29 Para quem os ah? Para quem os ais? Para quem as contendas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem motivo? Para quem o vermelho dos olhos?
30 Para aqueles que permanecem junto ao vinho, para aqueles que vão saborear o vinho misturado.
31 Não consideres o vinho: como ele é vermelho, como brilha no copo, como corre suavemente!
32 Mas, no fim, morde como uma serpente e pica como um basilisco!
33 Os teus olhos verão coisas estranhas, teu coração pronunciará coisas incoerentes.
34 Serás como um homem adormecido no fundo do mar, ou deitado no cimo dum mastro:
35 Feriram-me, dirás tu; e não sinto dor! Bateram-me... e não sinto nada. Quando despertei eu? Quero mais ainda!
24 1 Não invejes os maus, nem desejes estar com eles,
2 porque seus corações maquinam a violência e seus lábios só proclamam a iniqüidade.
3 É com sabedoria que se constrói a casa, pela prudência ela se consolida.
4 Pela ciência enchem-se os celeiros de todo bem precioso e agradável.
5 O sábio é um homem forte, o douto é cheio de vigor.
6 É com a prudência que empreenderás a guerra e a vitória depende de grande número de conselheiros.
7 A sabedoria é por demais sublime para o tolo; à porta da cidade, ele não abre a boca.
8 Quem medita fazer o mal, é chamado mestre intrigante.
9 O desígnio da loucura é o pecado; e detrator é terror para os outros.
10 Se te deixas abater no dia da adversidade, minguada é a tua força.
11 Livra os que foram entregues à morte, salva os que cambaleiam indo para o massacre.
12 Se disseres: Mas, não o sabia! Aquele que pesa os corações não o verá? Aquele que vigia tua alma não o saberá? E não retribuirá a cada qual segundo seu procedimento?
13 Meu filho, come mel, pois é bom; um favo de mel é doce para teu paladar.
14 Sabe, pois, que assim será a sabedoria para tua alma. Se tu a encontrares, haverá para ti um bom futuro e tua esperança não será frustrada.
15 Não conspires, ó ímpio, contra a casa do justo, não destruas sua habitação!
16 Porque o justo cai sete vezes, mas ergue-se, enquanto os ímpios desfalecem na desgraça.
17 Não te alegres, se teu inimigo cair, se tropeçar, que não se rejubile teu coração,
18 para não suceder que o Senhor o veja, e isto lhe desagrade, e tire de cima dele sua ira.
19 Não te indignes à vista dos maus, não invejes os ímpios,
20 porque para o mal não há futuro e o luzeiro dos ímpios extinguir-se-á.
21 Meu filho, teme o Senhor e o rei, não te mistures com os sediciosos,
22 porque, de repente, surgirá sua desgraça. Quem conhece a destruição de uns e de outros?
23 O que segue é ainda dos sábios: Não é bom mostrar-se parcial no julgamento.
24 Ao que diz ao culpado: Tu és inocente, os povos o amaldiçoarão, as nações o abominarão.
25 Aqueles que sabem repreender são louvados, sobre eles cai uma chuva de bênçãos.
26 Dá um beijo nos lábios aquele que responde com sinceridade.
27 Cuida da tua tarefa de fora, aplica-te ao teu campo e depois edificarás tua habitação.
28 Não sejas testemunha inconsiderada contra teu próximo. Queres, acaso, que teus lábios te enganem?
29 Não digas: Far-lhe-ei o que me fez, pagarei a este homem segundo seus atos.
30 Perto da terra do preguiçoso eu passei, junto à vinha de um homem insensato:
31 eis que, por toda a parte, cresciam abrolhos, urtigas cobriam o solo, o muro de pedra estava por terra.
32 Vendo isso, refleti; daquilo que havia visto, tirei esta lição:
33 um pouco de sono, um pouco de torpor, um pouco cruzando as mãos para descansar
34 e virá a indigência como um vagabundo, a miséria como um homem armado!
25 1 Ainda alguns provérbios de Salomão, recolhidos pelos homens de Ezequias, rei de Judá.
2 A glória de Deus é ocultar uma coisa; a glória dos reis é esquadrinhá-la.
3 A altura dos céus, a profundeza da terra são impenetráveis, bem como o coração dos reis.
4 Tira as escórias da prata e terás um vaso para o ourives;
5 afasta o mau de presença do rei e seu trono se firmará na justiça.
6 Não te faças de pretensioso diante do rei, não te ponhas no lugar dos grandes.
7 É melhor que te digam: Sobe aqui!, do que seres humilhado diante de um personagem. O que teus olhos viram,
8 não o descubras com precipitação numa contenda, pois, no final das contas, que farás tu quando o outro te houver confundido?
9 Trata teu negócio com teu próximo de maneira a não revelar o segredo de outro,
10 para que não sejas repreendido por aquele que o ouviu nem incorras em descrédito irreparável.
11 Maçãs de ouro sobre prata gravada: tais são as palavras oportunas.
12 Anel de ouro, jóia de ouro fino: tal é o sábio que admoesta um ouvido atento.
13 Frescor de neve no tempo da colheita, tal é um mensageiro fiel para quem o envia: ele restaura a alma de seu senhor.
14 Nuvens e vento sem chuva: tal é o homem que se gaba falsamente de dar.
15 Pela paciência o juiz se deixa aplacar: a língua que fala com brandura pode quebrantar ossos.
16 Achaste mel? Come o que for suficiente: se comeres demais, tu o vomitarás.
17 Põe raramente o pé na casa do vizinho: enfastiado de ti, ele te viria a aborrecer.
18 Clava, espada, flecha penetrante: tal é o que usa de falso testemunho contra seu próximo.
19 Dente arruinado, pé que resvala: tal é a confiança de um pérfido no dia da desventura.
20 Tirar a capa num dia de frio, derramar vinagre numa ferida: isso faz aquele que canta canções a um coração atribulado.
21 Tem o teu inimigo fome? Dá-lhe de comer. Tem sede? Dá-lhe de beber:
22 assim amontoarás brasas ardentes sobre sua cabeça e o Senhor te recompensará.
23 O vento norte traz chuva e a língua detratora anuvia os semblantes.
24 É melhor habitar um canto do terraço do que viver com uma mulher impertinente.
25 Água fresca para uma garganta sedenta: tal é uma boa nova vinda de terra longínqua.
26 Fonte turva e manancial contaminado: tal é o justo que cede diante do ímpio.
27 Comer mel em demasia não é bom: usa de moderação nas palavras elogiosas.
28 Como uma cidade desmantelada, sem muralhas: tal é o homem que não é senhor de si.
26 1 Assim como a neve é imprópria no estio e a chuva na ceifa, do mesmo modo não convém ao insensato a consideração.
2 Como um pássaro que foge, uma andorinha que voa: uma maldição injustificada permanece sem efeito.
3 O açoite para o cavalo, o freio para o asno: a vara para as costas do tolo.
4 Não respondas ao néscio segundo sua insensatez, para não seres semelhante a ele.
5 Responde ao tolo segundo sua loucura para que ele não se julgue sábio aos seus olhos.
6 Corta os pés, bebe aflições quem confia uma mensagem a um tolo.
7 As pernas de um coxo não têm força: do mesmo modo uma sentença na boca de um tolo.
8 É colocar pedra na funda cumprimentar um tolo.
9 Um espinho que cai na mão de um embriagado: tal é uma sentença na boca dos insensatos.
10 Um arqueiro que fere a todos: tal é aquele que emprega um tolo ou um embriagado.
11 Um cão que volta ao seu vômito: tal é o louco que reitera suas loucuras.
12 Tu tens visto um homem que se julga sábio? Há mais a esperar de um tolo do que dele.
13 Há um leão no caminho, diz o preguiçoso, um leão na estrada!
14 A porta gira sobre seus gonzos: assim o preguiçoso no seu leito.
15 O preguiçoso põe sua mão no prato e custa-lhe muito levá-la à boca.
16 O preguiçoso julga-se mais sábio do que sete homens que respondem com prudência.
17 É pegar pelas orelhas um cão que passa envolver-se num debate que não interessa.
18 Um louco furioso que lança chamas, flechas e morte:
19 tal é o homem que engana seu próximo e diz em seguida: mas, era para brincar.
20 Sem lenha o fogo se apaga: desaparecido o relator, acaba-se a questão.
21 Carvão sobre a brasa, lenha sobre o fogo: tal é um intrigante para atiçar uma disputa.
22 As palavras do mexeriqueiro são como guloseimas: penetram até o fundo das entranhas.
23 Uma liga de prata sobre o pote de argila: tais são as palavras ardentes com um coração malévolo.
24 O que odeia, fala com dissimulação; no seu interior maquina a fraude;
25 quando ele falar com amabilidade, não te fies nele porque há sete abominações em seu coração;
26 pode dissimular seu ódio sob aparências, e sua malícia acabará por ser revelada ao público.
27 Quem cava uma fossa, ali cai; quem rola uma pedra, cairá debaixo dela.
28 A língua mendaz odeia aqueles que ela atinge, a boca enganosa conduz à ruína.
27 1 Não te gabes do dia de amanhã porque não sabes o que ele poderá engendrar.
2 Que seja outro que te louve, não a tua própria boca; um estranho, não teus próprios lábios.
3 Pesada é a pedra, pesada a areia, mais pesada ainda é a cólera de um tolo.
4 Crueldade do furor, ímpetos da cólera: mas quem pode suportar o ciúme?
5 Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida.
6 As feridas do amigo são provas de lealdade, mas os beijos do que odeia são abundantes.
7 Saciado o apetite, calca aos pés o favo de mel; para o faminto tudo o que é amargo parece doce.
8 Um pássaro que anda longe do seu ninho: tal é o homem que vive longe da sua terra.
9 Azeite e incenso alegram o coração: a bondade de um amigo consola a alma.
10 Não abandones teu amigo, o amigo de teu pai; não vás à casa do teu irmão em dia de aflição. Vale mais um vizinho que está perto, que um irmão distante.
11 Sê sábio, meu filho, alegrarás meu coração e eu poderei responder ao que me ultrajar.
12 O homem prudente percebe o mal e se põe a salvo; os imprudentes passam adiante e agüentam o peso.
13 Toma a sua veste, porque ficou fiador de outrem, exige o penhor que deve aos estrangeiros.
14 Quem, desde o amanhecer, louva seu vizinho em alta voz é censurado de o ter amaldiçoado.
15 Goteira que cai de contínuo em dia de chuva e mulher litigiosa, tudo é a mesma coisa.
16 Querer retê-la, é reter o vento, ou pegar azeite com a mão.
17 O ferro com o ferro se aguça; o homem aguça o homem.
18 Quem trata de sua figueira, comerá seu fruto; quem cuida do seu senhor, será honrado.
19 Como o reflexo do rosto na água, assim é o coração do homem para o homem.
20 A morada dos mortos e o abismo nunca se enchem; assim os olhos do homem são insaciáveis.
21 Há um crisol para a prata, um forno para o ouro; assim o homem pela sua reputação.
22 Ainda que pisasses o insensato num triturador, entre os grãos, com um pilão, sua loucura não se separaria dele.
23 Certifica-te bem do estado do teu gado miúdo; atende aos teus rebanhos,
24 porque a riqueza não é eterna e a coroa não permanece de geração em geração.
25 Quando se abre o prado, quando brotam as ervas, uma vez recolhido o feno das montanhas,
26 tens ainda cordeiros para te vestir e bodes para pagares um campo,
27 leite de cabra suficiente para teu sustento, para o sustento de tua casa e a manutenção das tuas servas.
Provérbios (SAV) 15